Visito redes sociais, nada novo. Leio notícias, textos.. Sempre a mesma coisa. Tento dormir e não consigo. Tá faltando algo! Talvez alguém que me tire um riso na madrugada ou me convide pra tomar café na panificadora da esquina depois de uma noite confabulando.
Sair da rotina é bom! Quem não gosta?
Quem passa a maior parte do tempo sozinho sabe do que eu estou falando.
Levanto da cama, molho o rosto. Três batidinhas pra acordar. Sonhar de olhos abertos é melhor.
Volto pra cama. Ta faltando algo. Algo que preencha, talvez, esse vazio comprido que insiste em ficar atado ao pulmão e entrelaçado na garganta. Levanto outra vez. Nada que preste na tv, nada que eu quero na geladeira. O que eu quero mesmo? Não, o coitado morreria congelado alí.
Deitada de novo, puxo um livro. Droga, já li isso. Fecho. Viro pro lado. Baygon talvez mate isso. Não! Conta carneirinhos, minha filha.. 1 carneirinho, 2 carneirinhos, 3 carneirinhos, 4 carnei.. Contar carneirinhos não funciona. Ok! Tento meditação... O vazio tá lá.. Trava o pensamento gritando "me sente, ta faltando algo". Assim não dá!
Expectativas criadas, de tão alimentadas se tornam obesas. Quem te matará?
Cenas para os próximos capítulos.
A sorte veio e bateu na minha porta..
- Toc, toc.
Eu estava dormindo.
- Quem é?
- Oi, é a sorte. Abre pra mim, por favor!
- Ahhh não! Agora não..
- Por favor, deixa eu entrar.
- Nãaaaaao! Volta outra hora. Agora estou com sono, preguiça.. Não vou me levantar.
- Vamos, levanta. Deixa eu entrar.
- Não, já disse! Agora não. Me deixa dormir.
- Daqui ha 3 minutos então.. Tá?
- Ahhh não, 3 minutos não! 5 minutos.
- Não, daqui ha 3 minutos, levanta e abre a porta.
- Não! 5 minutos.
- Ok, 5 minutos.
5 minutos depois...
- Toc, toc. Abre a porta, deixa eu entrar.
Eu pensei: Eu que mando. Não vou abrir agora!
10 minutos depois.. Abro a porta e vejo ela, longe, abraçando a vizinha.
Moral da história: Não hesite quando a sorte bater na sua porta. Abra!
Conto: Bia Brito.
Adaptado: Magda Maia.
"O que diabos é isso? Como se sente essa tal borboleta no estômago? Aonde fica o estômago mesmo?"
Eu sempre fui muito curiosa, sempre quis sentir isso... "Se todo mundo sente, porque logo eu nunca senti? Vem borboleta, vem!". E nada!
Assim que aparecia alguém pra me mostrar essas borboletas, eu o espantava. Não, não é assim - eu pensava.
A única coisa que eu conseguia sentir era... Era nada! Eu sempre fui muito fraca para isso, pode parecer estranho mas eu já estava acostumada com aquele vazio. Sempre foi só nós dois: eu e o vazio. Andando lado a lado, sem rumo.
Até que (esse "até que" salva até leão marinho de extinção) meu estômago foi invadido por bilhões delas. Mas a sensação foi de gazelas e não borboletas.
Eu sentei e esperei passar... Nada!
Fui na farmácia mais próxima.
- Pois não?
- Um calmante pra gazelas, por favor.
- Gazelas?
Droga! Nem a moça da farmácia me entendia.
Mas o moço tinha data pra voltar e, logo, levaria as gazelas. Pensei "Oba!".
Que nada! O moço foi, dei tchau, mas as gazelas insistiram e ficaram.
Sempre que o moço fala comigo, é alimento para as coitadinhas.
Hoje nos suportamos e posso afirmar: "Gazelas sobrevivem a distância".
